A escritora Juliana Borges foi às redes sociais enfatizar a importância do Bolsa Família e detonar o fim do programa. Nesta sexta-feira (29) o programa realizou o pagamento de sua última parcela, o que pode ser entendido como o fim de uma era.
Segundo Juliana, “o fim do Bolsa Família não é só MAIS UMA ação de desmonte do atual governo. É o desmonte da coluna vertebral, que propiciou que avançassemos e refinássemos as políticas públicas”.
Ao longo de 18 anos, o programa criado nos governos do PT já foi considerado como um dos melhores no mundo e um modelo a ser replicado em outros países no que diz respeito a políticas de distribuição de renda.
Atualmente, os beneficiários vivem de incertezas sobre o programa substituto, o Auxílio Brasil, do governo Bolsonaro. “Voltamos à era da caridade, eixo do assistencialismo”, avisou a escritora.
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A nota sobre o Bolsa Família na íntegra:
Quando o Bolsa Família foi criado, eu estava na USP. Me lembro bem que os questionamentos ao programa não partiam apenas da direita. Havia uma esquerdas elitista, blasé e intelectualoide que falava em “assistencialismo”. O programa foi se provando muito mais do que isso.
Articulado a uma série de políticas (ações afirmativas sociais e étnico-raciais no ensino superior, ampliação histórica do ensino técnico, crédito ao pequeno agriculturor, luz pra todos, subsídios à expansão de equipamentos de saúde, pontos de cultura),se mostrou emancipador.
Saímos do mapa da fome, uma conquista histórica. A partir do Bolsa Família que pudemos cantar que “o filho do pedreiro vai poder virar doutor” e que uma geração rompeu os portões do precariado.
Me lembro de Marilena Chauí, no início crítica, voltando de uma viagem ao interior do país e falando sobre o Bolsa Família no auditório de uma FFLCH que ainda revirava os olhos ao programa:”o Bolsa Família é revolucionário. Emancipa mulheres, cria e fortalece economia local.”
O fim do Bolsa Família não é só MAIS UMA ação de desmonte do atual governo. É o desmonte da coluna vertebral, que propiciou que avançassemos e refinássemos as políticas públicas. Ou seja, o BF propiciou um salto de qualidade nas demandas populares. E isso não é pouca coisa.
Voltamos à era da caridade, eixo do assistencialismo. Antes, tínhamos política de assistência social, que visava emancipação. Diferente de cortina de fumaça, há projeto político-ideológico-econômico em curso, em que os grupos dominantes buscam nos colocar “no devido lugar”.
Quando o Bolsa Família foi criado, eu estava na USP. Me lembro bem que os questionamentos ao programa não partiam apenas da direita. Havia uma esquerdas elitista, blasé e intelectualoide que falava em "assistencialismo". O programa foi se provando muito mais do que isso. (1)
— Juliana Borges (@julianaborges_1) October 30, 2021
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